O penúltimo dia do Festival Liberatum, neste domingo (5), foi marcado por uma homenagem a atriz norte-americana Angela Bassett, além de encontros musicais de Lazzo Matumbi, Luedji Luna, Ilê Aiyê, Orquestra Afrosinfônica, Marcio Victor, da banda Psirico, entre outras atrações na Praça Cayru, no bairro do Comércio, em Salvador.
O festival termina na segunda-feira (6), com a exposição que reconta o livro ‘Um defeito de cor’ e que marca reabertura do Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), na capital baiana.
Por cerca de quatro horas, artistas negros de Salvador e internacionais levaram sucessos de seus repertórios e de outros cantores, e em diversos momentos do show reforçaram a ancestralidade do povo negro e falaram sobre igualdade.
A abertura das apresentações musicais ficou por conta da banda internacional Ground Zero Blues Club, que já diz no nome seu estilo musical predominante.
Jazz e R&B também estiveram no repertório do grupo que subiu ao palco perto das 18h.
Pouco mais de meia hora de show, a banda acompanhou o cantor baiano Lazzo Matumbi, que levou ao público, com a batida do blues, alguns dos próprios sucessos como “Do jeito que seu nego gosta” , “14 de Maio”, “Me abraça e me beija” e hits famosos na voz de Tim Maia como “Gostava tanto de você” e “Você”. Músicos que trabalham com Lazzo também participaram do show.
Em seguida, a cantora, compositora e atriz norte-americana Angela Bassett recebeu uma honaria, após o discurso do jornalista e blogueiro Hugo Gloss.
Antes da atriz subir ao palco, Hugo Gloss disse que Angela era uma lenda para o mundo inteiro, relembrou alguns dos seus papéis e falou sobre ela ter ido a faculdade de Yale, nos EUA, estudar sobre os afro-americanos.
Angela Bassett agradeceu a homenagem e a organização do Festival Liberatum por ter escolhido o Brasil para sediar o evento este ano.
“Eu precisava vir a esse país, ver seus rostos lindos, pretos, pardos. O Brasil é um destino fantástico, vocês têm um amor, uma místico… Vocês entendem e compreendem isso. Queridos cidadãos de Salvador, Bahia, eu encorajo vocês pelas palavras, que vocês sejam fortes, que sejam resilientes. A esperança é a expectativa de algo bom e eu sempre espero algo bom. Os nossos melhores [dias] estão adiante de nós e não atrás”, disse.
Ao terminar o discurso, Angela foi convidada a anunciar a banda que se apresentaria em seguida e assim fez sem hesitar: “E agora, Ilê Aiyê”.
Os tambores deram o tom da terceira atração da noite, que completou 49 anos de existência neste mês de novembro.
Com seu colorido, o Ilê, o primeiro bloco afro do Brasil, embalou o público ao som de canções como “Ilê Pérola Negra”, “O Mais Belo Dos Belos (O Charme da Liberdade)”, “Exalou”, entre outras músicas que enaltecem as raízes africanas da cultura nacional.
Ao lado do Ilê Aiyê, a cantora baiana de hip hop Aila Medeiros Dantas, mais conhecida como Cronista do Morro, fez uma participação no show e levou ao público versos que falam sobre liberdade e sobrevivência, além das próprias vivências como uma mulher da periferia de Salvador, que diariamente está diante da violência e dos conflitos sociais.
O encerramento das apresentações musicais ficou por conta da orquestra Afrosinfônica e convidados. Luedji Luna foi a primeira a subir ao palco junto com a orquestra e cantou músicas como “Acalanto” e “Bom mesmo é estar deibaixo de d’água” e “Banho de Folhas”.
Com Luedji Luna ainda no palco, o cantor da banda Psirico, Marcio Victor, foi ao encontro da cantora e a parceria foi ao som de “Emoriô”. Em seguida, Luedji se despediu e Marcio cantou sozinho “Muito obrigado Axé”.
A apresentação foi encerrada com a orquestra Afrosinfônica, Luedji e Marcio Vitor homenageando o cantor e compositor baiano Mateus Aleluia, através das canções “Cordeiro de nanã”, “Deixa a gira girar” e “Obaluaê”.
Depois que os artistas se despediram do público, o cantor Marcio Victor aproveitou para fazer um brincadeira e perguntou se poderia cantar mais um pouco, já que o público pedia “bis”. Foi então que ele fez um pout-pourri com sambas do recôncavo baiano.
O festival
O Festival Internacional Liberatum começou na sexta-feira (3) e segue até a segunda. A maioria dos eventos aconteceu no Centro de Convenções de Salvador, na orla da Boca do Rio, que contou com palestras e homenagens.
Participaram do festival artistas renomados como Viola Davis, Angela Basset, Debbie Harry, Majur, Melanie Clark, Taís Araújo, Seu Jorge, Rossy de Palma, Karol Conká, entre outros.
Além disso, a produção do festival realizou eventos exclusivos para convidados, como um jantar em um tradicional restaurante do bairro do Comércio em homenagem à cantora maranhense Alcione.
